SANTOS et al. Alcohol and Alcoholism, 2015.
CARLINI et al. Drug and Alcohol Review, 2014.
SANCHEZ et al. Journal of Addictive Diseases, 2013.
SANCHEZ et al. Clinics, 2013.
Alucinógenos
O que são alucinógenos?
Os alucinógenos são um grupo diversificado de drogas que alteram a percepção de uma pessoa sobre o ambiente, bem como seus próprios pensamentos e sentimentos. Eles são comumente divididos em duas categorias: alucinógenos clássicos (como LSD) e drogas dissociativas (como PCP ou Fenciclidina). Ambos os tipos de alucinógenos podem causar alucinações ou sensações e imagens que parecem reais, embora não sejam. Além disso, as drogas dissociativas podem fazer com que os usuários se sintam fora de controle ou desconectados de seu corpo e do ambiente.
Alguns alucinógenos são extraídos de plantas ou cogumelos e alguns são sintéticos (feitos pelo homem). Historicamente, as pessoas usaram alucinógenos para rituais religiosos ou de cura. Mais recentemente, as pessoas relatam o uso dessas drogas para fins sociais ou de lazer, inclusive para lidar com o estresse, ter experiências espirituais ou apenas para se sentir diferente.
Alucinógenos clássicos comuns incluem os seguintes:
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O LSD (dietilamida do ácido D-lisérgico) é uma das mais poderosas substâncias que alteram a mente. É um material inodoro claro ou branco feito de ácido lisérgico, que é encontrado em um fungo que cresce em centeio e outros grãos.
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A psilocibina (4-fosforiloxi-N,N-dimetiltriptamina) vem de certos tipos de cogumelos encontrados em regiões tropicais e subtropicais da América do Sul, México e Estados Unidos.
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O peiote (mescalina) é um cacto pequeno e sem espinhos com mescalina como ingrediente principal. O peiote também pode ser sintético.
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O DMT (N,N-dimetiltriptamina) é uma substância encontrada naturalmente em algumas plantas amazônicas, como a Psychotria viridis, utilizada para a preparação da ayahuasca. A ayahuasca é um chá feito dessa planta e tradicionalmente consumido em rituais religioso onde também é conhecida como chá de Santo Daime. O DMT também pode ser produzido em um laboratório, na forma de um pó cristalino branco.
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O 251-NBOMe é um alucinógeno sintético com semelhanças tanto com o LSD quanto com o MDMA (ver MDMA), mas é muito mais potente. Quando vendido ilegalmente, às vezes é chamado de N Bomb ou 251.
Exemplos comuns de drogas dissociativas incluem as seguintes:
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O PCP (Fenciclidina) foi desenvolvido na década de 1950 como anestésico geral para cirurgias, mas não é mais usado para esse fim devido aos graves efeitos colaterais. O PCP pode ser encontrado em várias formas, incluindo comprimidos ou cápsulas; no entanto, o pó de cristal branco é o mais comum.
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A ketamina (ou cetamina) é usada como anestésico cirúrgico para humanos e animais. Grande parte da ketamina vendida ilegalmente vem de consultórios veterinários. É vendido principalmente como pó ou comprimidos, mas também está disponível como líquido injetável. A ketamina é inalada ou às vezes adicionada a bebidas como uma droga de estupro, no Brasil é algumas vezes chamada de “Boa noite, cinderela”.
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O dextrometorfano (DXM) é um supressor da tosse e ingrediente de limpeza do muco em alguns medicamentos para resfriado e tosse (xaropes, comprimidos e cápsulas de gel).
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A sálvia (Salvia divinorum) é uma planta comum no sul do México e nas Américas Central e do Sul. A sálvia é normalmente ingerida mastigando folhas frescas ou bebendo seus sucos extraídos. As folhas secas de sálvia também podem ser fumadas ou vaporizadas e inaladas. Esta sálvia não é aquela utilizada na culinária.
Como as pessoas usam alucinógenos?
Os alucinógenos clássicos funcionam, pelo menos parcialmente, interrompendo temporariamente a comunicação entre os sistemas químicos do cérebro e na medula espinhal.
Alguns alucinógenos interferem na ação da serotonina cerebral, que regula:
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humor
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percepção sensorial
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sono
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fome
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temperatura corporal
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comportamento sexual
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controle muscular intestinal
As drogas alucinógenas dissociativas interferem na ação do glutamato cerebral, que regula:
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percepção da dor
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respostas ao ambiente
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emoção
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aprendizado e memória
Como os alucinógenos afetam o cérebro?
Os alucinógenos clássicos funcionam, pelo menos parcialmente, interrompendo temporariamente a comunicação entre os sistemas químicos do cérebro e na medula espinhal.
Alguns alucinógenos interferem na ação da serotonina cerebral, que regula:
-
humor
-
percepção sensorial
-
sono
-
fome
-
temperatura corporal
-
comportamento sexual
-
controle muscular intestinal
As drogas alucinógenas dissociativas interferem na ação do glutamato cerebral,
que regula:
-
percepção da dor
-
respostas ao ambiente
-
emoção
-
aprendizado e memória
Quais são os efeitos dos alucinógenos?
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ALUCINÓGENOS CLÁSSICOS
Efeitos de curto prazo
Alucinógenos clássicos podem fazer com que os usuários vejam imagens, ouçam sons e sintam sensações que parecem reais, mas não existem. Os efeitos geralmente começam dentro de 20 a 90 minutos e podem durar até 12 horas em alguns casos (LSD) ou tão curto quanto 15 minutos em outros (DMT sintético). Os usuários de alucinógenos referem-se às experiências provocadas por essas drogas como "viagens". Se a experiência for desagradável, os usuários às vezes a chamam de "bad trip". Junto com alucinações, outros efeitos gerais de curto prazo incluem:
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aumento da frequência cardíaca
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náusea
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sentimentos intensificados e experiências sensoriais (como ver cores mais brilhantes)
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mudanças no sentido do tempo (por exemplo, a sensação de que o tempo está passando lentamente)
Os efeitos específicos a curto prazo de alguns alucinógenos incluem:
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aumento da pressão arterial, frequência respiratória ou temperatura corporal
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perda de apetite
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boca seca
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problemas de sono
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experiências espirituais
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sentimentos de relaxamento
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movimentos descoordenados
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suor excessivo
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pânico
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paranoia - desconfiança extrema e irracional dos outros
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psicose - pensamento desordenado separado da realidade
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comportamentos bizarros
Efeitos a longo prazo
Dois efeitos de longo prazo foram associados ao uso de alucinógenos clássicos, embora esses efeitos sejam raros.
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Psicose persistente - uma série de problemas mentais contínuos, incluindo:
- distúrbios visuais
- pensamento desorganizado
- paranoia
- mudança de humor
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Transtorno Perceptivo Persistente por Alucinógenos (TPPA) – recorrências de certas experiências com drogas, como alucinações ou outros distúrbios visuais. Esses flashbacks geralmente acontecem sem aviso prévio e podem ocorrer dentro de alguns dias ou mais de um ano após o uso de drogas. Esses sintomas às vezes são confundidos com outros distúrbios, como acidente vascular cerebral ou tumor cerebral.
Ambas as condições são vistas com mais frequência em pessoas com histórico de doença mental, mas podem acontecer com qualquer pessoa, mesmo depois de usar alucinógenos uma vez. Para o TPPA, alguns medicamentos antidepressivos e antipsicóticos podem ser usados para melhorar o humor e tratar a psicose. As terapias comportamentais podem ser usadas para ajudar as pessoas a lidar com o medo ou confusão associados a distúrbios visuais.
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DROGAS DISSOCIATIVAS
Efeitos de curto prazo
Os efeitos dissociativos da droga podem aparecer em poucos minutos e podem durar várias horas em alguns casos; alguns usuários relatam sentir os efeitos de drogas por dias. Os efeitos dependem de quanto é usado. Em doses baixas e moderadas, drogas dissociativas podem causar:
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dormência
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desorientação e perda de coordenação
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alucinações
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aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura corporal
Em altas doses, as drogas dissociativas podem causar os seguintes efeitos:
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perda de memória
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pânico e ansiedade
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convulsões
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sintomas psicóticos
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amnésia
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incapacidade de se mover
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mudanças de humor
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problemas respiratórios
Efeitos em um feto em desenvolvimento - Embora os efeitos da maioria dos alucinógenos no feto em desenvolvimento sejam desconhecidos, os pesquisadores sabem que a mescalina do peiote pode afetar o feto de uma mulher grávida que use a droga.
Efeitos a longo prazo
Mais pesquisas são necessárias sobre os efeitos a longo prazo das drogas dissociativas. Os pesquisadores sabem que o uso repetido de PCP pode resultar em dependência. Outros efeitos a longo prazo podem continuar por um ano ou mais após a interrupção do uso, incluindo:
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problemas de fala
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perda de memória
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perda de peso
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ansiedade
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depressão e pensamentos suicidas
Uma pessoa pode ter overdose de alucinógenos?
Depende da droga. Uma overdose ocorre quando uma pessoa usa o suficiente de uma droga para produzir efeitos adversos graves, sintomas de risco de vida ou morte. A maioria dos alucinógenos clássicos pode produzir experiências extremamente desagradáveis em altas doses, embora os efeitos não sejam necessariamente fatais. No entanto, emergências médicas graves e várias mortes foram relatadas a partir do 251-NBOMe.
A overdose é mais provável com algumas drogas dissociativas. Altas doses de PCP podem causar convulsões, coma e morte. Além disso, tomar PCP com depressores como álcool ou benzodiazepínicos também pode levar ao coma.
No entanto, os usuários de alucinógenos clássicos e drogas dissociativas também correm sérios riscos devido à profunda alteração da percepção e do humor que essas drogas podem causar.
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Os usuários podem fazer coisas que nunca fariam na realidade, como pular de uma janela ou de um telhado, por exemplo, ou podem experimentar sentimentos suicidas profundos e agir de acordo com eles.
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Os usuários de psilocibina também correm o risco de consumir acidentalmente cogumelos venenosos que se parecem com psilocibina. Ingerir cogumelos venenosos pode resultar em doença grave ou possível morte.
Os alucinógenos causam dependência?
Em alguns casos, sim. Evidências sugerem que certos alucinógenos podem causar dependência (vício) e que as pessoas podem desenvolver tolerância a eles. Por exemplo, o LSD não é considerado uma droga viciante porque não causa um comportamento incontrolável de busca pela droga. No entanto, o LSD produz tolerância, então alguns usuários que consomem a droga repetidamente devem tomar doses mais altas para obter o mesmo efeito. Esta é uma prática extremamente perigosa, dada a imprevisibilidade do efeito desta droga. Além disso, o LSD produz tolerância a outros alucinógenos, incluindo a psilocibina.
O potencial de dependência do DMT é atualmente desconhecido.
Por outro lado, o PCP é um alucinógeno que pode ser viciante. As pessoas que interrompem o uso repetido de PCP experimentam desejos de drogas, dores de cabeça e sudorese como sintomas comuns de abstinência.
Mais pesquisas são necessárias sobre a tolerância ou potencial de dependência de uma variedade de alucinógenos.
Tolerância vs. Dependência
O uso prolongado de opioides prescritos, mesmo que prescritos por um médico, pode fazer com que algumas pessoas desenvolvam tolerância, o que significa que elas precisam de doses mais altas e/ou mais frequentes do medicamento para obter os efeitos desejados.
A dependência de drogas ocorre com o uso repetido, fazendo com que os neurônios se adaptem para que só funcionem normalmente na presença da droga. A ausência da droga causa várias reações fisiológicas, desde leves no caso da cafeína, até potencialmente fatais, como com a heroína.
Como é tratado uma dependência em alucinógenos?
Não há medicamentos específicos e aprovados para tratar a dependência em alucinógenos. Embora os tratamentos comportamentais possam ser úteis para pacientes com diversas dependências, os cientistas precisam de mais pesquisas para descobrir se as terapias comportamentais são eficazes para os alucinógenos.
Pontos a serem lembrados
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Os alucinógenos são um grupo diversificado de drogas que alteram a percepção, os pensamentos e os sentimentos. Causam alucinações, ou sensações e imagens que parecem reais, mas não são.
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Os alucinógenos são divididos em duas categorias: alucinógenos clássicos e drogas dissociativas.
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As pessoas usam alucinógenos de várias maneiras, incluindo fumar, cheirar e absorver através do revestimento da boca.
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Os efeitos dos alucinógenos clássicos podem começar com 20 a 90 minutos de ingestão e incluem aumento da frequência cardíaca, náuseas, sensações e experiências sensoriais intensificadas e mudanças no sentido do tempo.
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Os efeitos das drogas dissociativas podem começar em minutos e podem durar várias horas e incluem dormência, desorientação e perda de coordenação, alucinações e aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura corporal.
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Psicose persistente e flashbacks são dois efeitos de longo prazo associados a alguns alucinógenos.
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Evidências sugerem que alguns alucinógenos podem causar dependência (são “viciantes”), e alguns deles podem produzir tolerância.
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Não há medicamentos específicos para tratar a dependência em alucinógenos. Os cientistas precisam de mais pesquisas para descobrir se as terapias comportamentais são eficazes nesta situação.
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Alguns alucinógenos estão sendo estudados como possíveis terapias para a depressão. A ketamina foi recentemente aprovada como tratamento para depressão grave em pacientes que não respondem a outros tratamentos.
Fonte: Texto traduzido e adaptado do National Institute on Drug Abuse; National Institutes of Health; U.S. Department of Health and Human Services (Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas; Institutos Nacionais de Saúde; Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA).