SANTOS et al. Alcohol and Alcoholism, 2015.
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SANCHEZ et al. Journal of Addictive Diseases, 2013.
SANCHEZ et al. Clinics, 2013.
Cocaína/Crack
O que é cocaína?
A cocaína é uma droga estimulante de alto potencial de abuso, feita a partir das folhas da planta de coca nativa da América do Sul. Embora fosse usada antigamente para anestesia local em pequenas cirurgias, o uso de cocaína é ilegal. Como uma droga de rua, a cocaína parece um pó fino, branco e cristalizado. Traficantes de rua muitas vezes misturam com outras coisas como amido de milho, talco em pó ou até farinha, para aumentar os lucros. Eles também podem misturá-la com outras drogas, como anfetaminas ou opioides sintéticos, incluindo fentanil. O aumento do número de mortes por overdose entre usuários de cocaína pode estar relacionado a essa cocaína adulterada com opioides.
Como as pessoas usam cocaína?
Algumas pessoas cheiram cocaína em pó pelo nariz ou esfregam na gengiva. Outros dissolvem o pó e injetam na corrente sanguínea. Algumas pessoas injetam uma combinação de cocaína e heroína, chamada de “Speedball”. Outro método de uso popular é fumar cocaína que foi processada para fazer um cristal. Esta forma de cocaína é chamada “Crack”, que se refere ao som crepitante da pedra/cristal quando é aquecido. Algumas pessoas também fumam crack polvilhando-o com maconha ou tabaco. Pessoas que usam cocaína geralmente a usam compulsivamente (padrão “binge”) — usam a droga repetidamente em pouco tempo, em doses cada vez mais altas, para manter o efeito.
Como a cocaína afeta o cérebro?
A cocaína é uma substância estimulante do sistema nervoso central. Ela aumenta os níveis do neurotransmissor dopamina, nos circuitos cerebrais relacionados à região cerebral do prazer. Normalmente, a dopamina é recolhida de volta para a célula que a liberou, desligando o sinal entre as células nervosas. No entanto, a cocaína impede que a dopamina seja recolhida, fazendo com que grandes quantidades deste neurotransmissor se acumulem no espaço entre duas células nervosas, interrompendo assim a sua comunicação normal. Esta inundação de dopamina no sistema de recompensa do cérebro reforça fortemente os comportamentos de consumo de drogas. Com o uso contínuo de drogas, o sistema de recompensa pode se adaptar, tornando-se menos sensível à droga. Como resultado, as pessoas tomam doses mais fortes e mais frequentes na tentativa de sentir o mesmo efeito, e obter alívio da abstinência.
Efeitos de curto prazo
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bem-estar extremo e energia
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alerta mental
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hipersensibilidade à visão, som e toque
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irritabilidade
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paranoia (desconfiança extrema e irracional dos outros)
Algumas pessoas acham que a cocaína os ajuda a realizar tarefas físicas e mentais simples mais rapidamente, embora outras pessoas relatem experimentar o efeito oposto. Grandes quantidades de cocaína podem levar a comportamentos bizarros, imprevisíveis e violentos. Os efeitos da cocaína aparecem quase imediatamente e desaparecem dentro de alguns minutos a uma hora. Quanto tempo os efeitos duram e quão intensos eles são, dependem do método de uso. Injetar ou fumar cocaína produz um efeito mais rápido e mais forte, porém de mais curta duração, do que cheirar a droga. O efeito de cheirar cocaína pode durar de 15 a 30 minutos já o efeito de fumar pode durar de 5 a 10 minutos.
Outros efeitos de curto prazo do uso de cocaína no corpo incluem:
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vasos sanguíneos constritos
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pupilas dilatadas
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náusea
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aumento da temperatura corporal e pressão arterial
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batimentos cardíacos rápidos ou irregulares
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tremores e contrações musculares
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inquietação
Efeitos de longo prazo
Alguns dos efeitos de longo prazo dependem do método de uso e incluem o seguinte:
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Cheirar cocaína: perda de olfato, sangramentos nasais, nariz escorrendo frequentemente e problemas com a deglutição
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Fumar cocaína: tosse, asma, dificuldade respiratória e maior risco de infecções como pneumonia e feridas nos lábios
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Consumir por via oral: caries graves devido ao fluxo sanguíneo reduzido
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Injeção: maior risco de contrair HIV, hepatite C e outras doenças transmitidas pelo sangue, infecções de pele ou tecidos moles, bem como cicatrizes ou veias colapsadas e abcessos
No entanto, mesmo as pessoas que usam a cocaína de alguma forma sem agulhas, colocam-se em risco para o HIV porque a cocaína prejudica a capacidade de julgamento, o que pode levar a comportamentos sexuais de risco com parceiros infectados. Outros efeitos a longo prazo do uso de cocaína incluem desnutrição, porque a cocaína diminui o apetite, e distúrbios de movimento, incluindo a doença de Parkinson, que pode ocorrer após muitos anos de uso. Além disso, as pessoas relatam irritabilidade e inquietação devido às compulsões da cocaína, e algumas também relatam paranoia severa, na qual perdem o contato com a realidade e têm alucinações auditivas – ouvindo ruídos que não são reais.
Uma pessoa pode ter uma overdose de cocaína?
Sim! Uma overdose ocorre quando uma pessoa usa o suficiente de uma droga para produzir efeitos adversos graves, sintomas de risco de vida ou morte. Uma overdose pode ser intencional ou não. A morte por overdose pode ocorrer no primeiro uso de cocaína ou inesperadamente depois disso. Muitas pessoas que usam cocaína também bebem álcool ao mesmo tempo, o que é particularmente arriscado e pode levar à overdose. Outros misturam cocaína com heroína, outra combinação perigosa e mortal. Algumas das consequências mais frequentes e graves para a saúde decorrentes da overdose são ritmo cardíaco irregular, ataques cardíacos, convulsões e derrames. Outros sintomas da overdose de cocaína incluem dificuldade para respirar, pressão alta, alta temperatura corporal, alucinações e extrema agitação ou ansiedade.
Como uma overdose de cocaína pode ser tratada?
Não há nenhuma medicação específica que possa reverter uma overdose de cocaína. A gestão envolve cuidados de suporte e apoio e depende dos sintomas presentes. Por exemplo, como a overdose de cocaína geralmente leva a um ataque cardíaco, derrame ou convulsão, os socorristas e os médicos do pronto-socorro tentam tratar a overdose tratando essas condições, com a intenção de:
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restaurar o fluxo sanguíneo para o coração (ataque cardíaco)
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restaurar o suprimento de sangue rico em oxigênio para a parte afetada do cérebro (derrame)
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parar a convulsão
Como o uso de cocaína leva a dependência?
Como acontece com outras drogas, o uso repetido de cocaína pode causar mudanças a longo prazo no sistema de recompensa do cérebro e outros sistemas cerebrais, o que pode levar ao vício (dependência). O sistema de recompensa eventualmente se adapta à dopamina extra causada pela droga, tornando-se cada vez menos sensível a ela. Como resultado, as pessoas tomam doses mais fortes e mais frequentes para sentir o mesmo efeito que fizeram inicialmente e para obter alívio da abstinência. Os sintomas de abstinência incluem:
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depressão
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fadiga
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aumento do apetite
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sonhos desagradáveis e insônia
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pensamento lento
Como as pessoas podem obter tratamento para o abuso e dependência em cocaína?
Terapia comportamental pode ser usada para tratar a dependência em cocaína. Exemplos incluem:
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terapia cognitivo-comportamental
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gerenciamento de contingência ou incentivos motivacionais — fornecendo recompensas aos pacientes que permanecem livres de substâncias
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grupos de recuperação comunitários, como programas de 12 passos
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comunidades terapêuticas — residências livres de drogas em que as pessoas em recuperação de transtornos do uso de substâncias ajudam umas às outras a entender e mudar seus comportamentos
Pontos a serem lembrados
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A cocaína é uma droga estimulante poderosamente viciante feita a partir das folhas da planta de coca nativa da América do Sul.
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Traficantes muitas vezes misturam com outras substâncias, como amido de milho, talco em pó ou farinha, para aumentar os lucros.
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Eles também podem misturá-la com outras drogas, como a anfetamina ou fentanil (opioide sintético).
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As pessoas cheiram cocaína em pó pelo nariz ou esfregam na gengiva. Outros dissolvem o pó e injetam na corrente sanguínea, ou injetam uma combinação de cocaína e heroína, chamada de “Speedball”. Outro método popular de uso é fumar o cristal da cocaína (“crack”).
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A cocaína é uma substância estimulante do sistema nervoso central. Ela aumenta os níveis do mensageiro químico natural, a dopamina, nos circuitos cerebrais relacionados ao controle do movimento e da recompensa cerebral.
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Uma pessoa pode ter uma overdose de cocaína, o que pode levar à morte.
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Terapia comportamental pode ser usada para tratar o vício em cocaína.
Fonte: Texto traduzido e adaptado do National Institute on Drug Abuse; National Institutes of Health; U.S. Department of Health and Human Services (Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas; Institutos Nacionais de Saúde; Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA).