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ABORDAGENS INEFICAZES E POTENCIALMENTE NOCIVAS NA PREVENÇÃO DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS

POSIÇÃO DA SOCIEDADE EUROPEIA DE PESQUISA EM PREVENÇÃO




Por Miguel Henrique Santos


A Sociedade Europeia para a Pesquisa em Prevenção (EUSPR) vem demonstrando preocupação com a forma como a prevenção do uso de substâncias está sendo abordada na Europa, principalmente no âmbito das estratégias para crianças e adolescentes. Intervenções informativas e alarmistas são práticas consideradas nocivas, caras e ineficazes, pois apresentam uma metodologia considerada controversa e que pode causar efeito reverso ao esperado, ou seja, podem aumentar o interesse dos jovens em iniciar o uso de substâncias ou em se envolver em práticas de consumo mais prejudiciais. Além disso, apesar dos defensores dessas abordagens ainda afirmarem que elas são cientificamente avaliadas e altamente eficazes, os dados disponíveis sobre essas intervenções não fornecem evidências sólidas de sua eficácia e não atendem a padrões confiáveis de avaliação cientifica.

Apenas fornecer informações sobre os danos causados pelo uso de substâncias não é suficiente para dissuadir os jovens de comportamentos problemáticos porque, na adolescência, o comportamento é influenciado mais pelo contexto social do que pela escolha individual. Assim, as propostas de prevenção que usam testemunhos de ex-usuários e imagens fortes para impressionar e informar os jovens baseiam-se na suposição falha de que o uso de substâncias por adolescentes (que é influenciado pela impulsividade, interação social e processos automáticos) poderia ser evitado apenas pelo acesso a tais informações. Mesmo que essas informações devam ser discutidas e colocadas em contexto mais tarde nas salas de aula, tais conversas sobre drogas e seus efeitos são inúteis se não forem incorporadas em intervenções de alta qualidade que realmente mudem o comportamento, levando em conta os ambientes sociocomportamentais e as influências dos pares.

A EUSPR recomenda que as autoridades escolares e os tomadores de decisão considerem algumas regras simples para a aplicação de ações de prevenção para jovens: (1) iniciar uma intervenção apenas se houver evidências claras, de bons estudos, de que ela tem efeitos positivos sobre o comportamento e uso; (2) aplicar a intervenção com cautela e com avaliações se a evidência de mudança comportamental não for totalmente comprovada, mas promissora e (3) não aplicar se houver alguma indicação, mesmo que indireta, de que um dano pode ser causado como, por exemplo, o aumento da intenção de usar ou o aumento nas crença de que o uso de substâncias é normal ou atraente.

É importante destacar que a EUSPR não questiona o valor de fornecer aos jovens informações objetivas, credíveis e equilibradas sobre as drogas. A crítica que é feita é sobre o fornecimento de informações isoladas. Por fim, a EUSPR recomenda que todas as instituições envolvidas na facilitação e no apoio de programas para alunos/estudantes sigam os padrões de qualidade existentes na prevenção de drogas e rejeitem a divulgação e promoção de intervenções que não estejam em conformidade com as atuais normas de evidências científicas da Europa.


Para maiores detalhes acesse o documento na íntegra em:



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