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Intervenções multicomponentes reduzem a venda de bebidas alcoólicas para pessoas já intoxicadas


Os ambientes da vida noturna são espaços nos quais frequentemente ocorre o consumo prejudicial de álcool, intoxicação alcoólica e danos relacionados. Um estudo foi realizado em quatro ambientes noturnos da Inglaterra e País de Gales visando analisar as recusas da venda de álcool para pessoas intoxicadas. O treinamento de bartenders, somado a aplicação de leis para a redução do acesso ao álcool, são estratégias propostas pela Organização Mundial da Saúde para redução da intoxicação alcoólica e consequente redução dos danos provocados pelo álcool.

O estudo utilizou vinte e um atores com idade entre 18 e 25 anos, simulando intoxicação. Eram sempre dois atores e um assumia o papel do “bêbado” e o outro o papel do “sóbrio” para testar se o estabelecimento venderia álcool para o ator que aparentava estar bêbado. Ao chegarem ao local, os atores atuavam como clientes, entravam nos estabelecimentos, simulavam estar embriagados e pediam para comprar bebidas. Os pesquisadores ficavam observando a cena dentro do ambiente e, após o término da encenação, tanto os atores quanto os pesquisadores preenchiam um instrumento com questões sobre o ambiente físico, social e a forma que o estabelecimento lidou com a situação.

Após a avaliação inicial, na qual apenas 21% dos estabelecimentos recusaram a venda para pessoas intoxicadas, alguns estabelecimentos receberam uma intervenção visando aumentar esta recusa na venda. Foram ofertados três tipos de intervenção: 1) mobilização da comunidade, treinamento do bartender responsável por servir bebida e aplicação rotineira da lei; (2) mobilização da comunidade e reforço da aplicação da lei; e, (3) mobilização da comunidade, treinamento de bartender e reforço da aplicação da lei.

Observou-se aumento na recusa de venda naqueles estabelecimentos que passaram por qualquer uma das três intervenções. Passaram a ser recusadas 42%, 69% e 74% das vendas de álcool para pessoas embriagadas depois das intervenções 1, 2, e 3, respectivamente. Por outro lado, nos locais em que não houve intervenção, a recusa de venda seguiu na faixa dos 20%, ou seja, raramente um bartender recusava vender a pessoas intoxicadas.

O resultado permitiu identificar potenciais benefícios ao ofertar uma intervenção para abordar a venda de álcool para clientes intoxicados. Tais intervenções poderão reduzir os impactos na saúde e bem-estar das pessoas que estão intoxicadas e, também nos custos sociais e nos custos relacionados ao sistema de saúde. As evidências demonstraram que o efeito das intervenções é maior quando são combinados com legislações mais restritivas à venda de álcool e com o trabalho de sensibilização e mobilização das comunidades. Tal resultado reforça a importância de realizar estudos locais para a implementação de políticas de prevenção ao uso nocivo do álcool.


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