Por Patricia Galvão
Um estudo que envolveu dados de 150 países investigou se as leis de álcool mais restritivas nestes países estavam associadas a menor número de homicídios decorrentes do uso de álcool, ou seja, aqueles nos quais ou a vítima ou o agressor estavam alcoolizados. As políticas de álcool foram classificadas em três grupos: disponibilidade física de bebidas alcoólicas, propaganda e preços. Pontuações mais altas representaram ambientes de política de álcool mais abrangentes/restritivos.
Os pesquisadores utilizaram dados da Pesquisa Global sobre Álcool e Saúde da Organização Mundial da Saúde e do Estudo Global de Carga de Doenças Os países foram estratificados por grupo de renda para determinar se o efeito das leis diferia entre os países de renda média e baixa.
A pontuação da política de álcool foi mais alta para a disponibilidade física (5,4 de 10,0 pontos possíveis), seguido por marketing (4,4 pontos) e políticas de preços (2,0 pontos). No entanto, um aumento de 10% na pontuação da política de álcool para preços foi associado a uma taxa de homicídio atribuível ao álcool 18% menor entre todos os países e com 14% de diminuição entre 107 países de baixa e média renda. Além disso, mais controles sobre dias e horários de vendas no varejo e acessibilidade do álcool, bem como ajuste dos impostos de consumo para a inflação foram associados a uma taxa de homicídio atribuível ao álcool de 4% a 5% menor na amostra completa.
Portanto, países com políticas que reduzem a acessibilidade do álcool, seja devido ao preço ou aos dias/horas de vendas, tendem a ter menos homicídios atribuíveis ao álcool, independentemente de seu nível de renda. Além disso, as taxas de homicídios atribuíveis ao álcool são mais altas em países de baixa e média renda, assim, políticas que aumentam os preços das bebidas alcoólicas podem ser promissoras para conter esses danos nestes países.
Fonte: Trangenstein et al, 2021
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