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Permissividade parental em relação ao uso de cigarros e álcool influencia o uso de drogas ilícitas entre adolescentes? Um estudo longitudinal em sete países europeus

Os comportamentos, expectativas, atitudes e normas familiares desempenharam um papel importante na formação de comportamentos frente ao uso de substâncias na adolescência. Um estudo recente, publicado em 2022 no periódico Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, investigou a relação entre a permissividade parental e o uso de cigarro, álcool e drogas ilícitas entre adolescentes. O estudo analisou dados de 3.171 estudantes com idades entre 12 e 14 anos ao longo de seis meses, provenientes de sete países europeus. 


Os resultados mostraram que a permissividade dos pais em relação ao uso de cigarros e álcool pelos adolescentes está ligada a um aumento na probabilidade de uso de drogas ilícitas. Especificamente, adolescentes que tinham a percepção que seus pais permitiam o uso de cigarro ou álcool tinham uma chance duas vezes maior de usar drogas ilícitas em comparação com aqueles adolescentes com pais mais restritivos em relação ao uso de drogas. 


O estudo também revelou que essa associação era mais forte entre meninos do que entre meninas. Entre os meninos, aqueles que percebiam maior permissividade parental em relação ao uso de cigarro tinham uma probabilidade maior de usar drogas ilícitas. Esse efeito foi mediado pelo próprio uso de cigarro dos adolescentes, ou seja, a permissividade dos pais aumentava o uso de cigarro, o que, por sua vez, levava ao uso de drogas ilícitas. Não houve um efeito direto da permissividade parental no uso de drogas ilícitas quando o uso de cigarro foi considerado. Em contraste, para as meninas, a relação entre normas parentais permissivas em relação ao álcool e o uso de drogas ilícitas foi apenas parcialmente mediada pelo uso de álcool. Isso significa que, embora o uso de álcool contribuísse para a relação, ainda existia um efeito direto da permissividade parental sobre o uso de drogas ilícitas, independentemente do uso de álcool.



O estudo também encontrou que adolescentes de famílias monoparentais normalmente relatam um envolvimento maior com drogas ilícitas em comparação com aqueles de famílias com dois pais. Além disso, adolescentes cujos pais fumam ou permitiam o uso de substâncias em casa apresentaram taxas mais altas de uso de drogas ilícitas.


Esses achados têm importantes implicações para as políticas de prevenção ao uso de drogas. Eles sugeriram que normas parentais claras e restritivas em relação ao uso de todas as substâncias, legais e ilegais, poderiam ser uma estratégia eficaz para reduzir o risco do uso de drogas ilícitas entre adolescentes. A percepção de permissividade dos pais em relação ao uso de cigarro e álcool parece facilitar a experimentação dessas substâncias, o que muitas vezes acaba por antecipar o uso de drogas ilícitas.


Os autores acentuam que intervenções voltadas para fortalecer as habilidades parentais e promover a comunicação clara e consistente sobre as expectativas e sanções em relação ao uso de substâncias podem ser eficazes para a prevenção.


Pais devem ser conscientizados sobre a importância de estabelecer normas firmes contra o uso de todas as substâncias, pois isso pode afetar significativamente a probabilidade de seus filhos iniciarem e continuarem o uso de drogas ilícitas.

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