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Uso de álcool e drogas ilícitas por vítimas de traumas em São Paulo, Brasil

Por Juliana Plens



Sabe-se que a influência negativa do uso de álcool e de outras drogas ilícitas nas habilidades cognitivas e psicomotoras está associada ao aumento do risco de envolvimento em acidentes de trânsito e outros tipos de lesões. Embora esses impactos sejam muito conhecidos, a literatura científica ainda carece de estudos sobre o uso de substâncias psicoativas entre pacientes feridos que chegam aos serviços de emergência em países de baixa e média renda. Baseado nessa carência de dados, um estudo conduzido na cidade de São Paulo, Brasil, propôs identificar a prevalência do uso de álcool e drogas ilícitas entre pacientes com lesões traumáticas admitidos em um pronto-socorro da cidade. Amostras de sangue de 376 pacientes feridos que precisaram de internação por mais de 24 horas devido a acidentes de trânsito, quedas ou violência foram coletadas de julho de 2018 a junho de 2019. Foram realizadas análises visando identificar a presença de álcool ou drogas ilícitas nessas amostras. A maior parte dos participantes do estudo era do sexo masculino (80%) e a mediana de idade dos participantes foi de 36 anos. Os resultados mostraram que o uso de álcool e drogas ilícitas foi comum entre pacientes feridos na cidade de São Paulo; provavelmente contribuindo para um terço dos acidentes prejudiciais, visto que a prevalência geral de substâncias psicoativas no sangue foi de 31,4%. O álcool foi a substância mais encontrada, seguida de cocaína e maconha. Acidentes de trânsito foram a causa das lesões em 56% dos pacientes e cerca de metade dos acidentes ocorreu com motociclistas. Do total, 35% dos que tiveram o teste positivo eram homens, 43% solteiros, 41% tinham entre 18 a 39 anos e 44% dos pacientes sofreram ferimentos no período noturno. As maiores prevalências de álcool ou outras drogas nas amostras de sangue, no entanto, foram encontradas em pacientes feridos por violência (44%), sendo que, neste caso o álcool foi o mais prevalente (23%), seguido pela cocaína (12%) e maconha (5%). Concluiu-se que, dentre todas as substâncias associadas aos traumas estudados na população que chegou aos hospitais com lesões, o álcool liderou em termos de associação com ferimentos. Esse tipo de estudo é muito importante para que estratégias para a prevenção e controle em relação ao uso do álcool e outras drogas baseadas em evidências sejam implementadas, bem como para a criação de políticas públicas que encorajem as pessoas a adotarem um estilo de vida em que o álcool esteja menos presente.

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