por Valdemir Ferreira Júnior
Estudo realizado por pesquisadores do Previna (UNIFESP) investigou fatores individuais e ambientais associados com relatos de violência sexual entre frequentadores de baladas da capital paulista
O consumo excessivo de álcool está fortemente associado com a violência em ambientes da vida noturna em todo o mundo. Pubs, bares e casas noturnas têm sido identificados como os principais locais de uso excessivo de álcool e outras drogas, sendo estes ambientes de risco para o envolvimento em agressões e abusos sexuais. Diversos países têm criado medidas para reduzir os problemas causados pela embriaguez e o uso abusivo de substâncias, como estratégias de policiamento e aumento da vigilância e segurança dentro de bares e baladas. Pensando nisso, pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP investigaram quais fatores estariam associados à violência sexual em ambientes noturnos de São Paulo. Para isso, o grupo entrevistou 2422 pessoas na entrada e 1822 pessoas na saída de 31 casas noturnas da capital paulista.
Segundo os pesquisadores, 11,5% dos frequentadores reportaram terem sido vítimas de agressão sexual (contato sexual sem consentimento e/ou assédio) no interior das baladas na noite da entrevista.
Beijo forçado e ser apalpado sem consentimento foram as formas de agressão mais prevalentes, que estiveram mais fortemente associadas com fatores ambientais do que com fatores individuais. Entre os estilos musicais, casas noturnas de funk, forro/zouk, música eletrônica e pop dance foram as em que os entrevistados tiveram maior chance de serem vítimas de agressões sexuais (de beijo forçado à estupro), quando comparadas a casas noturnas ecléticas. Taxas de consumação, lotação e ter um ambiente reservado para sexo foram os fatores ambientais que aumentaram as chances de os entrevistados sofrerem agressão sexual nas casas noturnas de São Paulo. Além disso, frequentadores mais jovens estiveram mais expostos à violência sexual, não sendo encontrado neste estudo diferenças significativas entre gênero para a prevalência de violência sexual.
É importante lembrar que o uso de bebidas alcoólicas altera as partes importantes do cérebro que são responsáveis pelo controle de comportamentos e emoções. O funcionamento físico e cognitivo é afetado, reduzindo assim o autocontrole e a habilidade de processar informações, sob estas condições pessoas são mais propensas a cometerem atos impulsivos e a se envolver em comportamentos violentos.
Link para o artigo: Sanchez et al, 2019. https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-018-1322-4
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