Um estudo brasileiro desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Prevenção ao Uso de Álcool e outras Drogas da Unifesp (PREVINA) investigou como os comportamentos de risco entre adolescentes podem estar relacionados às atitudes e aos comportamentos dos pais.
A adolescência é uma fase crítica de mudanças biológicas, sociais e emocionais, marcada pelo aumento das chances de envolvimento em comportamentos de risco, como o uso de drogas, bullying e sexo sem proteção. Esses comportamentos podem ter consequências prejudiciais para a saúde e o bem-estar dos jovens. Para entender melhor esses fenômenos, pesquisadores acompanharam 6.391 estudantes de 7º e 8º anos em 72 escolas públicas de seis cidades brasileiras ao longo de 21 meses.
Os resultados destacam a influência de diferentes estilos de parentalidade na probabilidade de os adolescentes se engajarem nesses perfis de risco. O estilo de parentalidade autoritativo, que combina alto monitoramento com alto suporte afetivo, mostrou ser um fator protetor contra todos os padrões de risco identificados. Por outro lado, o estilo de parentalidade indulgente, caracterizado por baixo monitoramento e alto suporte afetivo, mostrou-se eficaz apenas na redução das chances de os adolescentes pertencerem ao perfil de alto envolvimento com bullying.
Outro ponto importante revelado pelo estudo é que o consumo de álcool pela mãe é um fator de risco significativo para o envolvimento dos adolescentes nos perfis de alto uso de álcool e bullying, assim como no perfil de alto risco geral. A embriaguez materna foi associada a um risco quase cinco vezes maior de o adolescente se envolver em múltiplos comportamentos de risco. Isso sugere que a exposição ao abuso de substâncias no ambiente familiar pode facilitar o acesso ao álcool e também influenciar a percepção de risco dos jovens, tornando-os mais propensos a adotar comportamentos arriscados.
A pesquisa ressalta a importância de programas preventivos que promovam habilidades parentais positivas, especialmente em relação ao suporte afetivo e à supervisão/monitoramento, além de conscientizar os pais sobre os impactos negativos do consumo excessivo de álcool. Tais intervenções podem ajudar a prevenir múltiplos comportamentos de risco entre adolescentes, contribuindo para um desenvolvimento mais saudável durante essa fase crucial da vida.