Mapa de evidências sobre medicações à base de canabidiol!

Por Jonas...

Apesar do crescente interesse brasileiro nas aplicações medicinais da cannabis, o tema ainda é permeado por discursos conflitantes, o que dificulta a construção de uma compreensão baseada em evidências científicas. Enquanto alguns setores superestimam os potenciais terapêuticos da planta como um todo, outros ainda a associam exclusivamente ao uso recreativo e aos seus riscos. Nesse contexto, é fundamental esclarecer que o potencial terapêutico da cannabis está relacionado especialmente ao canabidiol (CBD), um dos principais compostos da planta, que tem sido objeto de estudos científicos e é utilizado em medicamentos com composição controlada e uso aprovado pela ANVISA para o tratamento de condições específicas de saúde.

É fundamental não confundir o consumo da cannabis em sua forma in natura, destinado a fins não medicinais, com os medicamentos que contêm extratos de cannabis em sua composição. O uso da planta sem controle envolve concentrações elevadas de THC e a exposição a compostos tóxicos gerados pela combustão, representando riscos à saúde. Em contraste, os medicamentos à base de extratos de cannabis são produzidos de forma controlada, com padronização na concentração de canabinoides, posologia definida e administração por vias seguras, sendo indicados para condições específicas de saúde com base em estudos de eficácia e segurança.1

Além disso, devemos lembrar que para ter acesso aos medicamentos à base de extrato de cannabis é necessário prescrição médica e que o órgão regulador do governo federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que analisa os estudos atuais, tenha dado a aprovação formal para comercialização do medicamento. Até o momento da notícia, temos listados 13 medicamentos aprovados pela anvisa em seu site: https://consultas.anvisa.gov.br/#/cannabis/q/?substancia=26256.3

A exceção aos medicamentos aprovados, o paciente pode pedir a aprovação da importação dos medicamentos não comercializados no Brasil através da resolução RDC Nº 660, de 30 de Março DE 2022, disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-660-de-30-de-marco-de-2022-389908959. 4

Outro ponto importante é que as prescrições médicas devem ser baseadas em mapas de evidências científicas, que evidenciam a eficácia de medicamentos à base de CBD para certas patologias como: náusea e vômitos associados a quimioterápicos, glaucoma, dores crônicas, certos tipos de epilepsia/convulsões e rigidez muscular. 1

Destaca-se que, no Brasil, o uso de extratos de canabidiol é definido a critério do médico prescritor, podendo ser indicado para uma ampla variedade de condições de saúde, com ou sem respaldo científico consistente para a aplicação específica. Esse cenário pode levar à prescrição do CBD para situações em que sua eficácia não está comprovada, resultando em uso sem benefício terapêutico.
Para facilitar a consulta e para acompanhar as evidências científicas a base da cannabis há sites com informações confiáveis que podem ser vistas tanto por profissionais da saúde tanto por pessoas leigas. Um exemplo é o Mapa de Evidências sobre a Efetividade da Cannabis Medicinal, disponível em https://mtci.bvsalud.org/pt/mapa-de-evidencias-sobre-efetividade-da-cannabis-medicinal/ 4

O Mapa reúne 194 estudos científicos sobre a efetividade do uso medicinal da cannabis. Nele, é possível encontrar informações sobre diversos medicamentos à base de canabinoides.
No cruzamento de dados no Mapa de Evidências, é possível encontrar diversas informações, como por exemplo, quantos estudos existem para determinado medicamento e desfecho, o país de origem da população estudada, e os tipos de estudos presentes para o cruzamento selecionado.

Também é possível filtrar algumas informações antes de procurar evidências, escolhendo características como:
● População específica (adultos, mulher, criança, idosos, paciente com dor, pacientes com transtornos mentais, pacientes com doenças cardiovasculares, entre outras opções de seleção);
● Efeitos da intervenção (efeito positivo, efeito negativo, potencial positivo, potencial negativo, inconclusivo ou sem efeito);
● Nacionalidade da população estudada;
● Efeitos adversos observados.

Além desses filtros, o usuário pode escolher qual tipo de mapa deseja visualizar, como:
● Mapa de evidências geral;
● Mapa de evidências por nível de confiança;
● Mapa de evidências por efeito de intervenção.

No final da página, o site oferece todas as referências utilizadas para criação do mapa, informando o país da origem dos estudos, o nível de confiança das evidências e a base de dados consultadas.

Fonte:
1. https://portal.cfm.org.br/artigos/maconha-a-diferenca-entre-o-remedio-e-o-veneno

2. https://consultas.anvisa.gov.br/#/cannabis/q/?substancia=26256
3. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-660-de-30-de-marco-de-2022-389908959
4. BIREME/OPAS/OMS; Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (CABSIN); WeCann Academy. Mapa de evidências sobre efetividade da Cannabis Medicinal. BVS MTCI Américas. Disponível em: https://mtci.bvsalud.org/pt/mapa-de-evidencias-sobre-efetividade-da-cannabis-medicinal/.Acesso em: 18 de julho de 2025.

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